a volta da fiorucci

Durante muito tempo o consumidor brasileiro saiu de casa para comprar “calça jeans”. A partir de 1978, porém, ele passou a pedir de outro jeito nas lojas: “Me dá uma Fiorucci.” Quem tem menos de 40 anos não imagina o que isso significou. Mas se perguntar aos seus pais vai saber que a marca italiana Fiorucci causou uma revolução quando desembarcou no Brasil. Virou sinônimo de categoria e um sonho de consumo sem precedentes no mercado de moda nacional. “Foi um dos maiores fenômenos que vi, não acredito que vá surgir outro igual”, diz o consultor Edson D’Aguano, especializado em varejo de moda. “A Fiorucci abriu o guarda-chuva que abrigou todos os ‘jeanseiros’ brasileiros, como Renato Kherlakian (Zoomp) e Tufi Duek (Forum)”, reforça Gloria Kalil, responsável pela estréia da grife por aqui, há quase 30 anos. De fato, Fiorucci foi o primeiro “jeans de marca” que o brasileiro conheceu. Mas ele não sobreviveu à má administração de sua matriz – o que culminou com a venda da grife a um grupo japonês, em 1990, e a saída do mercado brasileiro. Mas aos saudosos (ou curiosos), uma boa notícia: a grife dos dois anjinhos está voltando. Quem está por trás desse retorno é a gaúcha Supermarcas, firma que licencia (para fabricantes de cadernos, roupas, etc.) grifes tão distintas como Chrysler, Deep Purple e Marilyn Monroe. Ela adquiriu os direitos da Fiorucci para o Brasil do grupo japonês Edwin, um gigante “jeanseiro” de US$ 2 bilhões anuais. Mas, para repetir o sucesso do passado, Moacir Galbinski e Nilton Carvalho, sócios da Supermarcas, escolheram um novo nicho. Antes, a marca tinha um apelo bem sofisticado (como a Zoomp é hoje). Agora, ela vai ficar um degrau abaixo, para concorrer com Levi’s e Lee, cobrando cerca de R$ 200 por um jeans. O público-alvo serão os jovens de 15 a 30 anos, mas espera-se que os mais velhos fiquem de olho nos lançamentos. “Os pais podem influenciar os filhos na hora da compra”, acredita Luiz Pimentel, da Céu Marketing de Moda, contratada pela Supermarcas para administrar a Fiorucci. A meta inicial é vender 40 mil peças de jeans ao mês e movimentar R$ 100 milhões em cinco anos. Os primeiros modelos de calças chegam às lojas em março de 2007. A partir de julho, porém, o consumidor já pode conferir o estilo da grife em lojas multimarcas que venderão óculos, bonés, artigos de papelaria, camisetas e moletons. A Supermarcas ainda trará a coleção infantil e até 2008 abrirá lojas próprias. by Denise Ramiro